quarta-feira, 10 de junho de 2009

Cortes de juros e medidas de estímulo têm de continuar, avalia Mantega

Segundo ele, alcançar crescimento de 1% em 2009 não será 'fácil'.
Mantega prometeu ações para estimular setores em dificuldades.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se disse "satisfeito" com o recuo de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, contra os três últimos meses de 2008, resultado que foi anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (9). "Foi melhor do que as projeções de queda de 2% a 3% que o mercado estava fazendo", disse ele.

Segundo Mantega, a queda do PIB aconteceu por conta do recuo nos investimentos da indústria de tranformação e quem sustentou o PIB foi o consumo das famílias e do governo. "Significa que foi o mercado interno que sustentou esse nível [de atividade]. Não deixou cair a atividade para níveis mais baixos", disse ele.

Crescimento de 1% em 2009 não é 'tarefa fácil'

De acordo com análise do ministro Guido Mantega, não será uma "tarefa fácil" o Brasil registrar um crescimento do PIB da ordem de 1% em todo ano de 2009 - previsão que já consta na proposta de orçamento deste ano. "O governo vai ter que continuar tomando iniciativas para estimular a economia, os investimentos e o mercado interno para podermos alcançar o crescimento de 1% ao longo deste ano. Não será tarefa fácil, mas é um desafio possível de ser alcançado", afirmou.

O que falta

Mantega avaliou, porém, que o Ministério da Fazenda tem de continuar tomando medidas de estímulo para a economia, e que o Banco Central tem de continuar reduzindo a taxa básica de juros.

Nesta terça e quarta-feiras (9 e 10), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir a taxa de juros, atualmente em 10,25% ao ano. A expectativa do mercado é que os juros caiam para 9,50% ao ano, mas alguns interlocutores do governo pedem uma redução maior. "Não comento possível comportamento do Copom, como é a minha tradição aqui", se limitou a dizer sobre o assunto.

Mantega acrescentou, entretanto, que "o que falta é mais política monetária [redução da taxa de juros] e fiscal [estímulos para a economia]". "A ação do governo tem de continuar. São medidas para aumentar o crédito e reduzir o custo financeiro. Isso significa ação mais forte dos bancos públicos para redução do custo financeiro de modo geral, que ainda está muito elevado", disse o ministro.

Segundo ele, o crédito tem de chegar as pequenas e médias empresas. "Ainda não chegou. Estamos viabilizando medidas para o crédito chegar as pequenas e médias empresas, que não têm garantias. Estamos produzindo fundos de aval para viabilizar crédito as pequenas e médias empresas", informou ele.

O ministro afirmou ainda que a redução média de 9,6% do óleo diesel nas bombas, anunciada nesta segunda-feira (8), também estimula a economia brasileira. "Não é só o IPI que estimula a economia. O diesel ajuda a economia, porque diminui custos de produção. É mais poder aquisitivo", avaliou.

Sinais 'nítidos' de recuperação

Apesar de apontar os problemas ainda existentes, Mantega disse também que já há "sinais nítidos" de recuperação da economia. Afirmou que o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano significa "olhar pelo retrovisor" e citou o aumento de vendas do setor automobilístico que, por ser uma "cadeia longa" gera muitos empregos, além de uma melhora na construção civil.

"Os investimentos em gás e energia também estão crescendo, dentro de um ritmo até acima do esperado. Temos reconstituição de parte do crédito que faltou no primeiro trimestre pois já está havendo atuação maior dos bancos, os públicos também. As taxas [de juros] estão caindo e o crédito está um pouquinho mais abundante. Ainda não é o ideal. Está longe do necessário para a economia", afirmou.

De acordo com Mantega, o comportamento da economia brasileira é mais favorável do que a maioria das economias do mundo. "Os Estados Unidos tiveram uma queda de 1,4% no último trimestre, e, no anualizado, deu 5,7%. Estamos melhor do que a maioria dos países. Já estamos tendo uma reação positiva, para que possamos conseguir um PIB positivo", afirmou.

Recuperação lenta

O ministro da Fazenda disse que está acontecendo uma recuperação gradual da economia brasileira frente ao cenário registrado no fim de 2008, quando o PIB caiu 3,6% contra os três meses anteriores. Segundo o ministro, o PIB vai apresentar resultado positivo, contra os três primeiros meses de 2009, já no segundo trimestre.

"Já vai ser positivo no segundo trimestre, mas modesto. No terceiro, um pouco maior e no quarto trimestre [será] satisfatório. De modo a fechar o ano com a economia em aquecimento (...) O tombo foi grande no ano passado. Então, temos uma recuperação lenta. Não é que vai ser um crescimento esfuziante no segundo e terceiro trimestre deste ano. Mas vai ser, e gradualmente vamos recuperando o patamar de crescimento do ano passado", disse Mantega.

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